PIIHM – 2019

Programa de Incentivo à Investigação Horácio Mateus – 2019

O Programa de Incentivo à Investigação Horácio Mateus (PIIHM) pretende apoiar projetos de investigação e estudos avançados nos domínios das Ciências Naturais e Sociais. Na edição de 2019, serão apoiados projetos no domínio da Paleontologia, com incidência no Concelho da Lourinhã.

As candidaturas a esta edição estiveram abertas das 00:00H do dia 28 de março às 23:59H do dia 26 de maio de 2019 (hora portuguesa).

Por favor, consulte o Regulamento e o Aviso de Abertura de Candidaturas para mais informações como concorrer.

 

Projetos vencedores do PIIHM 2019

Equipa:
Alexandra E. Fernandes (coordenadora)
Octávio Mateus
Alexander Kellner

Resumo do projeto:
Como os primeiros vertebrados voadores e com uma distribuição quase mundial, os pterossauros são figuras cruciais nas reconstruções paleontológicas das primeiras faunas ecológicas. Os seus fósseis foram encontrados em todos os continentes - incluindo na Antártida. No entanto, os ossos fósseis de pterossauros são muito raros em Portugal e conhecem-se sobretudo pegadas e dentes isolados, que não são muito informativos, pelo que as espécies de pterossauros Portuguesas permaneceram um mistério até agora.
Historicamente, essa falta de fósseis é devida à própria natureza dos ossos de pterossauro - o material de pterossauro é muito frágil, já que muitos dos seus ossos eram da espessura de uma folha de papel. Este facto foi o que os manteve suficientemente leves para serem capazes de voar, no entanto essa espessura também é muito prejudicial à sua longevidade de fossilização. Os ossos de pterossauro são incrivelmente raros, e embora os dinossauros e outras variedades paleontológicas de animais sejam fácil e regularmente encontrados e descritos quase diariamente, os pterossauros permanecem relativamente indescritíveis.

Equipa:
Eduardo Puértolas Pascual (coordenador)
Octávio Mateus
Miguel Moreno Azanza
Alexandre Guillaume

Resumo do projeto:
O projecto consiste numa proposta para a preparação laboratorial, estudo e publicação de vários exemplares de pequenos crocodilos do Jurássico da Formação da Lourinhã. Graças a este projecto, e dado o potencial observado em áreas próximas como Guimarota onde quatro novas espécies de crocodilos foram descritas, estes fósseis poderiam ser estudados, e o território do concelho da Lourinhã iria expandir significativamente o seu património paleontológico.

Para este efeito, pretendemos preparar no laboratório 4 esqueletos que incluem restos cranianos e realizar fotogrado dos fósseis, microtomografias computorizadas (microCT) dos espécimes mais importantes e estudos histológicos para determinar a idade ontogenética de cada espécime. Com os resultados obtidos, os artigos científicos correspondestes serão feitos. Além disso, graças à obtenção de modelos 3D através do microCT, os fósseis podem ser impressos em tamanhos maiores e, por exemplo, utilizados para exposição no Museu da Lourinhã.

Equipa:
Johan Pettersson
Octávio Mateus
Rita Isabel Rodrigues Vilas Boas

Resumo do projeto:
Este projeto visa aumentar o conhecimento das primeiras tartarugas marinhas do Jurássico Superior do concelho da Lourinhã. O projeto consiste em duas partes, uma parte investigando uma concha de tartaruga bem preservada, e a outra parte capitalizando dados já preparados que ainda não foram publicados. A primeira parte envolve uma descrição detalhada esquelética e filogenética do espécime de tartaruga ML 2292, atualmente em exposição no Dinoparque da Lourinhã. A segunda parte do projecto implica a reformulação da tese de mestrado “Tartarugas do jurássico superior de Portugal”. Esta tese é escrita em português e detalha quatro tipos diferentes de tartaruga, como planejamos fazer na primeira parte do projeto. A tese será traduzida e retrabalhada para extrair os dados relevantes. Espera-se que cada parte do projeto resulte em um artigo de revista revisado por pares. O valor museológico da primeira tartaruga é muito alto e só aumentará com uma investigação adequada. A segunda parte aumentará grandemente o registo de espécies da Lourinhã e colocará o primeiro dado regional de vários táxons dentro da Lourinhã.

Equipa:
Filippo Maria Rotatori
Octávio Mateus
Miguel Moreno Azanza

Resumo do projeto:
O Museu da Lourinhã acolhe uma das maiores colecções de vertebrados do Jurássico Superior em Portugal. Muitos exemplares representam holótipos de espécies endémicas de Portugal, entre os quais figura o ornitópode Draconyx loureiroi (ML 357). Devido à sua condição fragmentária, este importante espécime foi negligenciado pelos especialistas que estudam o grupo Ornithopoda. Como os dinossauros ornitópodes são geralmente escassos durante o Jurássico Superior, cada espécime pode conter informações-chave para elucidar a complexa história evolutiva e paleobiogeográfica desse grupo. O objetivo é elucidar as afinidades filogenéticas e paleobiogeográficas das espécies portuguesas, especialmente com referência a outras espécies europeias e americanas. O projeto visa produzir uma a duas publicações cientificas, um modelo 3D do animal e divulgar os resultados em várias conferências especializadas.

Equipa:
Octávio Mateus (coordenador)
Eduardo Puértolas
João Russo
Carlos Natário
Pedro Callapez
Bruno Pereira
Andrew Taylor

Resumo do projeto:
Pretende-se com este projecto, criar um guia de fósseis do Jurássico Superior com foco no Concelho da Lourinhã. Como paleontólogos a estudar o Jurássico Superior da Lourinhã, temos sentido a necessidade de identificar os numerosos fósseis que se encontram. Amiúde, o nosso conhecimento é dificultado pela taxonomia arcaica, pela bioestratigrafia imprecisa e pela
preservação imperfeita que inevitavelmente distorce qualquer abordagem holística dos paleoecossistemas do período Jurássico.
Pretende-se por isso, sistematizar os dados dos fósseis recolhidos durante os últimos séculos, e apresentar um guia de campo para profissionais e amadores. Um guia para a identificação de espécies fósseis de uma determinada idade ou localidade sempre foi uma das ferramentas mais úteis para estudantes, académicos e paleontólogos amadores. Deve funcionar como uma ferramenta de referência prática no campo para identificação rápida de géneros ou espécies, delineando ao mesmo tempo o amplo contexto geológico. A maioria dos guias de campo dirigidos ao público em geral têm uma abordagem demasiado genérica de toda a Era Fanerozóica; aqui propomos um guia fóssil geograficamente focado no concelho da Lourinhã e temporalmente ao Jurássico Superior.

Equipa:
Darío Estraviz López (coordenador)
Octávio Mateus

Resumo do projeto:
O Quaternário é o período geológico que vivemos e que corresponde aos últimos 2,5 milhões de anos. Os depósitos Quaternários das grutas do Concelho da Lourinhã têm sido estudados científicamente desde o século XIX, contudo têm recebido menor atenção desde o ponto de vista paleontológico do que as grutas dos concelhos vizinhos como, por exemplo, Lapa da Rainha (350m ao Sul da Lourinhã, em Torres Vedras), Gruta Nova da Columbeira (150m ao Leste da Lourinhã no Bombarral) ou Casa da Moura (1km ao Norte da Lourinhã em Óbidos), grutas relevantes todas elas para o nosso conhecimento das faunas fósseis do Quaternário em Portugal. A prática totalidade dos seus estudos realizados nas cavidades da Lourinhã estão situadas dentro do alvo da Arqueologia, avultando aqueles estudos relacionados com a necrópole neolítica das grutas da Feteira. A nosso conhecimento, há apenas um trabalho centrado na Paleontologia de vertebrados do Quaternário no Concelho da Lourinhã, sobre uma cavidade em São Bartelomeu dos Galegos posta a descoberto por uma pedreira nos anos 1970 e que forneceu material craniano e pós-craniano de urso pardo (Ursus arctos) depositado no Museu do Bombarral. Além disto, existe material de vertebrados da Gruta da Feteira e outras que carecem de estudo, algum dele no Museu da Lourinhã. No Concelho da Lourinhã há seis jazidas arqueológicas indexadas pela DGPC (Direção Geral de Património Cultural) com um CNS (Código Nacional de Sítio): Grutas Feiteira I e II, Gruta de Quinta dos Morcegos, Gruta Principal, Gruta Secundária, Lapa do Reguengo Pequeno e Algar de Pedreira Velhas III. Há, além disto, pelo menos outras 27 grutas catalogadas pelo NABUQ (Núcleo de Amigos dos Buracos das Cesaredas).

Os objetivos do projeto serão aumentar o nosso conhecimento sobre os vertebrados fósseis do Quaternário do Concelho da Lourinhã e inserir estes novos dados sobre a fauna quaternária da Lourinhã no contexto da paleobiologia, paleoecologia e paleobiogeografia e nível português e ibérico das diversas espécies de vertebrados quaternários fósseis.Além disso, acrescentar material ao acervo do Museu da Lourinhã com novas peças recoletadas e/ou réplicas doutras peças de vertebrados quaternários depositadas em outras coleções; ademais de melhorar o nosso conhecimento sobre as grutas do concelho.

Espera-se que deste projeto surjam pelo menos uma publicação em revista científica e um resumo em um congresso de paleontologia nacional ou internacional;  que ajudem a melhorar o nosso conhecimento das faunas fósseis do Quarernário a nível ibérico e sobre tudo local, o que terá implicações na política de conservação de espécies; por exemplo para conhecer a que espécies dar prioridade na conservação ou reintroduzir. Assim mesmo as novas peças descobertas e as réplicas elaboradas melhoraram a qualidade da exposição no Pavilhão de História Natural do Museu da Lourinhã. Finalmente os modelos em 3D de grutas elaborados poderão atrair novos turistas espeleológicos à Lourinhã.

Se o seu projeto foi aprovado para financiamento, poderá aceder à documentação necessária aqui.