Arcebispo D. Lourenço Vicente

D. Lourenço Vicente, arcebispo de Braga, nasceu no século XIV, em data incerta mas por volta de 1311, na Lourinhã, conforme foi escrito por ele mesmo. A lenda acrescenta que ele nasceu no Casal Charrua, lugar actualmente integrado na Praia da Areia Branca, onde terá vivido com sua avó. Saíu da Lourinhã e só se tem notícias dele na década de 1330, frequentando as universidades de Mompellier, Toulose, Paris e Bolonha. Em 1372 foi bacherel em Leis e cónego da Sé de Lisboa. Nesse mesmo ano foi nomeado Desembargador e Vedor da Fazenda de D. Fernando e, no ano seguinte, Bispo do Porto. Ainda em 1373 e por empenhamento do rei, foi eleito arcebispo de Braga, por Gregório VI, sendo sagrado em Avinhão por este papa, no ano seguinte.

Politicamente, depois da morte de D. Fernando, de quem mereceu sempre a total confiança sendo um dos seus conselheiros, foi um dos acérrimos defensores de D. João I na crise de 1383-1385, tendo pronunciado o discurso inaugural de aclamação do Mestre de Avis como Rei de Portugal, em 1385, nas Cortes de Coimbra. Também conselheiro do Rei foi referido pelo próprio, juntamente com D. Nuno Alvares Pereira como “O Arcebispo e o Condestável são os meus dois olhos”.

Militarmente, participou na batalha de Aljubarrota onde foi ferido “(…) as ribeiradas de sangre do meu gilvas(…)” e na tomada de Guimarães.

No casamento de D. João com D. Filipa de Lencastre acompanhou a noiva e abençoou o tálamo real.

Pacificada a Nação, regressou a Braga tendo-se dedicado ao seu arcebispado até à data sua morte, em 1398.

Tendo sido sepultado em Braga, o seu corpo sofreu uma mumificação natural tendo sido estudado por uma equipa de antropologia e história, dinamizada pelo GEAL, em 1992/1993 e os resultados apresentados num simposium efectuado na Lourinhã em 1993.

Na Lourinhã, sua terra natal, mandou edificar a Igreja de Santa Maria onde, supostamente, estariam sepultados os corpos de sua mãe e de sua avó. Teria sido também sob a sua influência que surgiu na Lourinhã a leprosaria de Santo André.