Idade Média

De um ponto de vista historiográfico, a baliza temporal, que visa estipular o início e o fim da Idade Média, é controversa e não definida. Toda a sua estrutura insere-se num cruzar de factores de natureza económica, política, social, cultural e religiosa, e a sua evolução variável em todos os lugares.

É baseado em alguns factores de ordem artística, religiosa, político-social e cultural que a seguir passaremos a descrever a Lourinhã na Idade Média.

Lourinhã, foi considerada senhorio quando D. Afonso Henriques concedeu, em 1160, 1º Foral a D. Jordão, o primeiro Senhor da Lourinhã, tendo sido, o mesmo foral, confirmado por alguns monarcas seguintes, na maior parte reiterando o anterior.

D. Jordão, fidalgo francês integrado na Segunda Cruzada ao Oriente, tornou-se, por virtude da sua ajuda a D. Afonso Henriques na tomada de Lisboa aos Mouros, o primeiro Senhor da Lourinhã, a que deu foral em 1160, com autorização de D. Afonso Henriques confirmada por Afonso II por carta de Março de 1218.” [1]

Ao longo dos sucessivos reinados, a Lourinhã foi obtendo alguns privilégios, inclusive, no reinado de D. Pedro I (1357-1367), a Carta de Confirmação de Privilégios – (Chanc. D. Pedro I, L.1, fl 11V), reafirma os privilégios e mercês concedidos pelos monarcas antecessores. No entanto, estes privilégios continham um interesse, os amores de D. Pedro I e Inês de Castro. Acerca deste assunto, as referências historiográficas, abordam este concelho como um dos locais escolhidos para o refugio de D. Inês, que esteve acolhida no Moledo, e visitada por D. Pedro que se alojava no seu Castelo na Serra d’El Rey.

Com a Dinastia de Avis, o senhorio da Lourinhã é doado a D. Lourenço Vicente – Arcebispo de Braga, em 1384, sendo de sua autoria o pedido de construção da Igreja do Castelo, assim denominada por dizerem que esta foi construída sobre as ruínas do antigo castelo da Lourinhã.

Após a morte de D. Lourenço Vicente, em 1397, o senhorio passou para o Dr. João das Regras, notável jurista e um dos braços direitos de D. João I. Defendeu os direitos do Mestre de Avis ao trono de Portugal, nas Cortes de Coimbra em 1385, ocupou o lugar de Regedor e Defensor do Reino durante a crise de 1383/1385, sendo depois senhorio da vila. O seu túmulo encontra-se no Coro dos Frades da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, do antigo Convento de S. Domingos de Benfica.

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 [1] Mário Baptista Pereira, Lourinhã, Contribuições para a sua História,1ª Ed., Câmara Municipal da Lourinhã, 1987, pp-11